Débora Fogliatto
Mulheres e meninas do bairro Restinga participaram, nesta sexta-feira (10), do Sarau Meu Corpo, Minhas Regras, promovido pelo “Ponto de Cultura Feminista: corpo, arte e expressão”. A iniciativa, parte dos Pontos de Cultura do Governo Federal, é um projeto do Coletivo Feminino Plural, em conjunto com outras entidades, ativistas e redes, que busca levar arte e debates sobre feminismo para diversos locais da cidade.
O Sarau marcou o início das atividades na Restinga, embora lá já sejam realizadas, há cerca de duas semanas, oficinas de break para meninas, com parceria da Escola Municipal de Ensino Fundamental Alberto Pasqualini. No final de maio, houve o lançamento oficial, embora o projeto já existisse desde o ano passado. “São mulheres de muitos feminismos diferentes, dos direitos humanos, da arte, dos movimentos de mulheres negras, hip hop, cinema, artes visuais, teatro; várias questões que envolvem corpo, arte e expressão das mulheres”, resumiu a coordenadora do Ponto, a artista visual Luísa Gabriela Santos.
O plano de trabalho do projeto, em convênio com os governos federal e estadual, envolve formação e capacitação das mulheres envolvidas, além de oficinas e rodas de conversa. A oficina de break será encerrada no dia 16, quando ocorrerá uma conversa com as meninas participantes sobre feminismo. A primeira oficina está sendo na Restinga, fortalecendo expressões culturais locais, ministradas pelas próprias mulheres que participam do Ponto.
“As próximas vão ser também dentro do elemento hip hop, a próxima vai ser de MC e grafite; depois literatura, artes cênicas, queremos fazer de ativismo digital”, conta Luísa Gabriela. Mesmo depois de realizar as oficinas, a ideia é que as ações continuem, para que a comunidade também possa se apropriar do espaço e criar atividades em torno destes tema.
O objetivo do Sarau foi ser um espaço para a comunidade se reunir e apreciar literatura, com a leitura de poemas tanto escritos ou trazidos pelo público quanto disponíveis no local. O evento aconteceu na sede do Instituto Federal do Rio Grande do Sul (IFRS) na Restinga e foi promovido pela ONG Cirandar, voltada para literatura, que também faz parte do comitê gestor do Ponto. A atividade começou com uma roda de dança e música, em um momento de integração, e depois as pessoas presentes se revezaram para ler poemas e textos.
Uma das participantes foi a jovem Bárbara Silveira, de 11 anos, que cursa o 5º ano na escola Alberto Pasqualini e faz as oficinas de break. “As oficinas são legais. Eu queria fazer mais, agora vai ter uma reunião para decidir se vai continuar, espero que sim”, avalia ela, que venceu a timidez e leu um poema de Hilda Hilst durante o Sarau. As aulas são promovidas pela Frente Feminista do Hip Hop, que também integra o Ponto.
O Ponto de Cultura
O projeto integra a “Rede RS de Pontos de Cultura” e é destinado a meninas e mulheres de todas as idades, especialmente adolescentes, e circula em toda Porto alegre. “O Ponto se propõe a questionar as relações de gênero e raça desiguais. Afirma a autonomia das mulheres para decidir pela sua vida e seus corpos. Reafirma os direitos sexuais e reprodutivos das mulheres”, segundo consta no documento de apresentação. São oficinas de hip-hop, artes cênicas e visuais, literatura, saraus, ativismo digital e rodas de conversa.
Os integrantes do Comitê Gestore, além do Coletivo Feminino Plural, são: ONG Cirandar, Frente Feminista do Hip Hop, Associação Cultural Beneficiente Ilê Mulher, Rede Feminista de Saúde, Direitos Sexuais e Reprodutivos, além de artistas e produtas culturais independentes. O projeto tem duração prevista de três anos, podendo se constituir com ação permanente do movimento de mulheres após esse prazo.
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