via Parada Livre de Porto Alegre
As entidades da sociedade civil que estão à frente da organização da XXI Parada Livre de Porto Alegre vêm se manifestar sobre a atual conjuntura política que cerca o evento desta edição.
No início do ano, tivemos uma reunião com a Coordenadoria da Livre Orientação da Prefeitura Municipal da Porto Alegre, para tratar da parceria entre o poder público e as entidades que são realizadoras da Parada Livre. Na ocasião, tivemos a informação que este ano a prefeitura municipal de Porto Alegre não tem disponibilidade de recursos para apoiar a parada Livre de 2017. Como em todas as edições anteriores a prefeitura foi apoiadora, disponibilizando a estrutura de palco e de outros equipamentos como, banheiros químicos, seguranças, gerador etc. Tratam-se de recursos ínfimos frente às necessidades das políticas públicas LGBT.
Como solução apresentada na ocasião, o representante da Coordenação nos informou que a prefeitura iria adotar o critério de buscar financiamento junto à iniciativa privada para dar suporte ao evento.
As entidades fizeram uma avaliação do processo político que a sociedade brasileira vem passando e decidiram então pela seguinte posição.
Sabemos que hoje as populações mais vulnerabilizadas, como negros, indígenas, mulheres, LGBTTs, pessoas em situação de rua vem a cada dia perdendo espaço com essa política de terceirização e de colocar a iniciativa privada como alternativa para dar respostas as essas questões sociais. No nosso entendimento, o Estado tem o dever de dar conta das desigualdades sociais que foram construídas historicamente pela própria omissão do estado brasileiro. Sabemos que entre tantas populações, os cidadãos e cidadãs LGBTTs enfrentam todos os tipos de discriminação e exclusão social, e para nós, um estado democrático e aquele que prioriza essas populações com políticas públicas especificas para resgatar e dar dignidade a estas populações.
Neste sentido, entendemos que este modelo de Estado mínimo que está no atual cenário político brasileiro, só vai agravar esta situação e que nós enquanto sociedade civil, não vamos ser coniventes, com esta política adotada pela atual gestão da Prefeitura Municipal de Porto Alegre.
Manteremos a autonomia da Parada Livre nas mãos do movimento social e estamos tornando pública esta realidade no sentido de sensibilizar a sociedade porto alegrense da atual situação. Não vamos aceitar a terceirização a Parada Livre e a perda de sua autonomia política para investidores privados ou da própria prefeitura municipal. Parcerias são importantes, mas sem a perda do protagonismo da realização do evento.
Por fim, destacamos que ainda não tivemos novo espaço de diálogo junto à prefeitura, informando sempre da impossibilidade da marcação da reunião com o prefeito ou mudanças de agenda, privilegiando outras pautas. Do mesmo modo, informamos que o responsável pela Coordenadoria da pauta LGBT no governo vem atacando e desmobilizando tais iniciativas de aproximação e produzindo inverdades por meio das redes sociais. Entendemos que esta posição da prefeitura é um ato de desrespeito ao histórico de luta e atuação dos movimentos que fazem a Parada Livre acontecer anualmente, bem como um não reconhecimento da importância do evento em seu formato singular de ocupação do espaço público e afirmação das identidades e dos Direitos LGBT.
Ressaltamos que pela primeira vez em 21 anos, não contaremos com o apoio da prefeitura municipal de Porto Alegre para o evento. Neste sentido, queremos este ano contar com o apoio da sociedade civil e, em especial, da população LGBTT porto alegrense, para realização do evento que ocorrerá no dia 26 de novembro no Parque da Redenção.