Negros e pardos são 71,5% dos assassinados no Brasil, aponta Atlas da Violência 2018

 

Protesto contra aumento do número de mortes violentas no RS, em 2016 | Foto: Maia Rubim/Sul21

Via Sul 21 .

O Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública divulgaram nesta terça-feira (5) o Atlas da Violência 2018, segundo o qual o Brasil atingiu em 2016, pela primeira vez em sua história, o patamar de 30 homicídios por 100 mil habitantes, o que corresponde a 62.517 homicídios. Em 2015, foram registrados 59.080 homicídios, uma taxa de 28,9 por 100 mil habitantes.

O levantamento aponta que, entre 2006 e 2016, 553 mil pessoas foram vítimas de mortes violentas intencionais no Brasil. Entre 1980 e 2016, cerca de 910 mil pessoas foram mortas pelo uso de armas de fogo. O Atlas aponta que após aumentar constantemente entre 1980 e 2003, quando ocorreu a sanção do Estatuto do Desarmamento, o índice de mortes por armas de fogo tem se mantido no mesmo patamar, tendo representado, em 2016, 71,1% de todos assassinatos, mesmo índice de 2003.

Em relação ao Rio Grande do Sul, o Atlas da Violência aponta que o número de mortes violentas aumentou de 2.944, em 2015, para 3.225 (de 26,2 para 28,6 por 100 mil habitantes), variação de 9,5%. Em 10 anos, os homicídios subiram 62,6% no Estado.

O IPEA aponta que a desigualdade de raça/cor nas mortes violentas foi acentuada. De todas as pessoas assassinadas no Brasil em 2016, 71,5% eram pretas ou pardas. Naquele mesmo ano, a taxa de homicídios de negros foi duas vezes e meia superior à de não negros (40,2 contra 16,0). Contudo, em nove estados as taxas de homicídio de negros decresceram na década de 2006 a 2016, entre eles São Paulo (-47,7%), Rio de Janeiro (-27,7%) e Espírito Santo (-23,8%).

Já no Rio Grande do Sul, a taxa de homicídios de negros segue aumentando. Em 2006, era de 19,1 por 100 mil habitantes. Em 2015, de 30,1 e, em 2016, saltou para 36,8 homicídios por 100 mil habitantes. Esses números representam uma variação de 93,4%, em 10 anos, e de 22,4% entre 2015 e 2016.

Em relação à faixa etária, o Atlas informa que os homicídios respondem por 56,5% dos óbitos de homens entre 15 a 19 anos no Brasil. Em 2016, 33.590 jovens foram assassinados – aumento de 7,4% em relação a 2015 –, sendo 94,6% do sexo masculino. No RS, o número de jovens assassinados chegou a 1.608 em 2016, uma taxa de 62,3 por 100 mil habitantes. Em 2015, foram 1.391 jovens assassinados no RS, 53,6 por 100 mil.
Houve crescimento na quantidade de jovens assassinados em 20 estados, com destaque para Acre (aumento de 84,8%) e Amapá (41,2%), seguidos por Rio de Janeiro, Bahia, Sergipe, Rio Grande do Norte e Roraima. Segundo o IPEA, a juventude perdida é considerada um problema de primeira importância no caminho do desenvolvimento social do país e que vem aumentando numa velocidade maior nos estados do Norte.

Violência contra mulheres

A pesquisa também observa um aumento de 6,4% nos assassinatos de mulheres no Brasil entre 2006 e 2016. No último ano analisado, ocorreram 4.645 homicídios em que a vítima era do sexo feminino. A situação é mais grave em Roraima, que apresentou uma taxa de 10 homicídios por 100 mil mulheres. No RS, a taxa subiu de 4,9 para 5,4. Em 20 estados, a violência letal contra mulheres negras cresceu no período estudado e os piores desempenhos ocorreram em Goiás e no Pará.

A edição deste ano do Atlas da Violência também aborda os registros administrativos de estupro no Brasil. Em 2016, as polícias brasileiras registraram 49.497 casos de estupro, conforme informações do 11º Anuário Brasileiro de Segurança Pública. O número contrasta com os 22.918 incidentes desse tipo reportados no Sistema Único de Saúde. Contudo, de acordo com a pesquisa, as duas bases de informação possuem uma grande subnotificação.

 

Acesse o Atlas da Violência 2018 

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