Desenhar e articular a rede de enfrentamento à violência contra as mulheres da Restinga, fortalecer o movimento de mulheres e meninas e promover a cultura e os direitos humanos, esta foi a tônica do II Encontro da Rede Mulher da Restinga, uma parceria do Fórum de Segurança, entidades locais e o Coletivo Feminino Plural na manhã de sexta-feira. Adolescentes de vários projetos sociais e escolas participaram com demonstrações artísticas de seu engajamento pelo fim da violência contra as mulheres. Duas entidades da Restinga – Associação de Moradores da Chácara do Banco e a Escola Estadual Alberto Pasqualini -receberam as caixas de livros sobre direitos das mulheres doadas pelo Coletivo Feminino Plural, como parte do projeto “Acervo Feminista Enid Backes”, parceria com a Fundação Luterana de Diaconia. A escola beneficiada sedia o projeto Escola Lilás de Direitos Humanos, que atua com teatro e oficinas de conteúdos com meninas, com o apoio do Poder Judiciário. O Ponto de Cultura Feminista Corpo Arte e Expressão, projeto apoiado pelo MINC/Sedac, fez uma prestação de contas de suas atividades e firmou várias parcerias para novas oficinas com meninas de 12 a 18 anos.
Na Roda de Conversa sobre Violência Contra a Mulher, as mulheres que vieram de várias comunidades, levantaram as dificuldades hoje encontradas pela população feminina para proceder às denúncias de agressões físicas e sexuais. Embora organizadas há muitos anos e reivindicando uma delegacia da mulher, um centro de referência e uma casa abrigo, nenhum desses serviços foi instalado. A Restinga, com quase 200 mil habitantes, reúne o maior número de Medidas Protetivas da Capital. No próximo dia 31 pela manhã ocorrerá uma reunião para desenhar a rede existente, organizar os fluxos e divulgar informações às mulheres e meninas.
Durante a entrega das caixas de livros pelo Acervo Enid Backes, a presidenta da Associação da Chácara do Banco, Almerinda Lima, declarou que as atividades do Ponto de Cultura ajudaram a mudar sua comunidade, em especial pela reflexão que provocou quanto às relações de gênero e raciais entre adolescentes e jovens: “Eu jamais poderia imaginar que trabalhar com arte e cultura seria tão forte impacto na comunidade”, disse.
Telia Negrão, coordenadora do Coletivo Feminino Plural, apresentou o conteúdo das caixas de livros, revistas, cartilhas, folhetos e vídeos entregues, que agora pertence a cada uma das entidades que a recebeu, cabendo a elas gerir o uso coletivo. Foram selecionadas obras literárias de autoras mulheres, sobre mulheres e juventude, cadernos contendo a Lei Maria da Penha, prevenção de DSTs e Aids, materiais educativos sobre direitos sexuais e reprodutivos, além de direitos sociais à moradia, ao trabalho, entre outros.
Esse Encontro possibilitou construir várias agendas para os próximos meses, como a retomada da parceria com o Centro Infanto Juvenil Monteiro Lobato, que levou um grupo de meninas e meninos a performatizar sobre violência de gênero, e com escolas locais para outras oficinas sobre direitos humanos e cidadania.