Rede de tráfico de mulheres brasileiras atuava também em Portugal

Lusa/Isaltina Padrão – A Polícia Federal brasileira informou que a rede de tráfico internacional de mulheres desarticulada hoje pela corporação, que levava brasileiras para Angola, atuava também em Portugal, na África do Sul e na Áustria. Os criminosos levavam as mulheres para fora do Brasil por uma semana, e ofereciam-nas a clientes de elevado poder económico, pagando entre 10 mil dólares (7.290 euros) e 100 mil dólares (72,9 mil euros), detalhou a polícia em conferência para a imprensa.

A maior parte do tráfico era feita para Angola, motivo pelo qual a operação foi batizada de “Garina” (menina, na gíria angolana). Cinco pessoas envolvidas no processo foram presas, entre elas o empresário, um administrador e três aliciadores da rede. Outros onze mandados de busca e apreensão foram realizados nas cidades de São Paulo, São Bernardo do Campo, Cotia e Guarulhos, todas no estado de São Paulo, na região sudeste do Brasil. A rede também agia na região sul do país, segundo a polícia.

Dois estrangeiros, cujas nacionalidades não foram divulgadas, e que se encontram fora do Brasil, também tiveram a sua prisão decretada pela justiça brasileira e os seus nomes foram incluídos na lista mundial de procurados da Interpol.

As mulheres eram aliciadas em casas de diversão noturna de São Paulo e da região sul do Brasil pelos membros da rede, que ofereciam a partir de 10 mil dólares (7.290 euros) para que elas se prostituíssem durante uma semana.

Ainda segundo a assessoria da Polícia Federal brasileira, as investigações encontraram provas de que brasileiras “do meio artístico” receberam até 100 mil dólares (72,9 mil euros) para se relacionarem sexualmente com um rico empresário e ex-parlamentar de Angola.

“Há fortes indícios de que parte das vítimas foi privada temporariamente da sua liberdade no exterior e obrigada a manter relações sexuais sem preservativos com clientes estrangeiros”, diz o comunicado da Polícia brasileira, acrescentando que as vítimas recebiam, nesses casos, um falso tratamento de medicamentos anti-SIDA.

A investigação acredita que os criminosos movimentaram cerca de 45 milhões de dólares (14,7 milhões de euros) com o tráfico internacional destas mulheres, nos últimos seis anos.

General angolano acusado de financiar tráfico de mulheres

O Ministério Público Federal do Brasil divulgou hoje a denúncia a Bento dos Santos ‘Kangamba’, sobrinho por afinidade do Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, como o principal financiador de uma rede de tráfico de mulheres brasileiras.

Na denúncia feita pela Promotoria e aceite pela Justiça Brasileira, Bento dos Santos ‘Kangamba’ é acusado de ter cometido quatro crimes: associação criminosa, favorecimento da prostituição, tráfico internacional de pessoas e cárcere privado.

O suspeito teve seu nome incluído na “difusão vermelha” de procurados pela Interpol (polícia internacional criminal) e pode ser preso se for ao Brasil. Além dele, outro angolano, Fernando Vasco Republicano, responde pelos mesmos crimes, divulgou hoje o Ministério Público brasileiro.

‘Kangamba’ negou as acusações, segundo um despacho da agência angolana Angop que cita fonte oficial não identificada, afirmando que não recebeu nenhuma notificação policial sobre o caso e que nunca “manteve quaisquer contactos nesse sentido com cidadãos dos países mencionados”.

Esta não é a primeira vez que o nome do empresário aparece nas páginas dos jornais internacionais, que o dão como envolvido em casos de polícia: em junho, foi também notícia em França por envolvimento numa investigação em curso sobe a posse de elevadas quantias de dinheiro não declarado, e nesse mesmo mês foi também noticiado que comprou uma casa no mesmo condomínio privado do futebolista português Cristiano Ronaldo, em Madrid. A Lusa tentou contactar o empresário, mas sem sucesso.

A investigação da Polícia Federal Brasileira aponta que o grupo, que tinha membros angolanos e brasileiros, levava cerca de sete brasileiras por mês para se prostituírem durante uma semana em Angola, Portugal, África do Sul e Áustria, em troca de pagamentos entre 10 mil dólares (7.290 euros) e 100 mil dólares (72,9 mil euros).

Segundo o Ministério Público Federal brasileiro, eram usados os nomes de um grupo musical, “Desejos”, e de duas empresas para facilitar a obtenção de vistos para as mulheres traficadas, a Showtour, brasileira, e a LS Republicano, angolana.

“Bento dos Santos ‘Kangamba’ mostrou-se o principal financiador de todo o esquema criminoso responsável, em média, pela promoção, intermediação e facilitação da remessa mensal de cerca de sete mulheres brasileiras ao exterior para exercerem a prostituição”, informa nota do Ministério Público.

No núcleo brasileiro da rede criminosa foram identificadas pela polícia e presas cinco pessoas, entre as quais um empresário, um administrador e três aliciadores: Wellington Edward Santos de Souza, também conhecido como Latyno, Luciana Teixeira de Melo, Rosemary Aparecida Merlin, Eron Francisco Vianna e Jackson Souza de Lima.

Fonte: www.monitoramentocedaw.com.br. Publicado em 25 de outubro de 2013.

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