Ana Celia Ossame – Elas têm em comum não só o fato de serem soropositivas de HIV, o vírus transmissor da Aids, mas também de formarem uma corrente denominada Movimento Nacional e Regional das Cidadãs Posithivas (MNRCP), cujo objetivo é buscar o fortalecimento das relações e a melhoria da qualidade de vida. Catarina Raquel Fonseca, 31, Dalva Botelho Rodrigues, 74, Emília Soares Ferreira, 42, e Simone Bitencourt, 38, aprendem a “domar o leão” escondido dentro delas e querem que outras mulheres na mesma situação, tenham essa oportunidade.
Em encontro iniciado ontem e que encerra-se hoje no auditório da Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Dourado (FMTDHD), Catarina Raquel está com o vírus há seis anos, transmitido pelo ex-marido, o que a obriga a diariamente ingerir três medicamentos obtidos na própria FMT, em programa do Governo Federal. “Nesses encontros, o importante é a troca de informações e experiências que são fundamentais para a nossa qualidade de vida. Ao lembrar que ao saber do diagnóstico, só pensou se teria tempo de criar o filho, de nove anos de idade, Raquel, como é mais conhecida, garante que esse propósito alimenta diariamente sua luta pela vida.
Conselhos
Dalva, chamada de guerreira e “HIVelha” pelas colegas, é exemplo às mais novas
Emília Soares Ferreira, representante para a Região Norte do Movimento Nacional de Cidadãs PositHIVas (MNCP) vive há 15 anos com o vírus, fato que a anima a ser uma batalhadora pela conscientização e formas de apoio às mulheres portadoras do HIV. “O movimento existe com esse propósito, além de buscar melhorias no atendimento e tratamento”, explicou.
Aos 74 anos de idade e há 13 soropositiva, dona Dalva Rodrigues diz que participar do movimento é importante porque pode aprender a viver melhor. Apelidada amigavelmente de “HIVelha” e de “guerreira”, Dalva, que é viúva e foi contaminada pelo ex-marido, aconselha as mulheres, tanto as mais jovens quanto as casadas, cujos maridos costumam manter relações sexuais na rua, sejam homossexuais ou não, a usarem preservativo nas relações. “É muito triste quando você não é só traída, mas é contaminada dessa forma. Mesmo com problemas numa das pernas, resultado de uma queda, Dalva não deixa de participar da reunião do movimento e nem dar conselhos para os filhos e netos. “Usem camisinha para não ter que ficar como eu, tendo que usar remédio todos os dias”, afirmou.
Fonte: Acrítica, publicado em 19 de setembro de 2014.