Correio do Povo – Porto Alegre tem coeficiente de morte pela doença quatro vezes superior ao da média nacional Autoridades da área de saúde incentivam o acesso aos testes rápidos para um diagnóstico precoce | Foto: Mauro Schaefer
Entre as capitais, Porto Alegre apresenta o maior coeficiente de mortalidade em decorrência da Aids, quatro vezes maior do que a média nacional. Com isso, instituições trabalham na prevenção e em pesquisas para descobrir por que os gaúchos estão no topo do ranking. Todos os óbitos ocorridos em decorrência de Aids na Capital, em 2014, são acompanhados para verificar se as causas eram preveníveis.
A pesquisa, liderada pelo epidemiologista da Ufrgs e do Hospital de Clínicas, Ricardo Kuchenbecker, objetiva descobrir o motivo das internações e das mortes pela doença. Os primeiros resultados devem estar disponíveis no final do ano. O epidemiologista explica que, com os recursos medicamentosos, a possibilidade de morte deveria ser reduzida para somente os que tentaram vários tratamentos que não funcionaram.
Apesar de ter coeficiente de mortalidade maior que a média nacional, de 28,52 óbitos para cada 100 mil habitantes, Porto Alegre apresenta uma tendência significativa de queda nos últimos dez anos, segundo o último Boletim Epidemiológico. O RS, em 2013, contabilizou 11,2 óbitos para cada 100 mil habitantes, o dobro do observado para o Brasil no mesmo ano.
A Capital também possui a maior taxa de detecção. Foram 20,3 casos para cada 1 mil nascidos vivos em 2013, conforme o Boletim. O índice é oito vezes maior do que a média nacional e o dobro da taxa do RS. Apesar de o estudo não estar concluído, já é possível afirmar que as complicações ocorrem por falta de informação e acompanhamento, e a consequência é o aumento do risco de transmissão. “Uma pessoa que usa o retroviral corretamente diminui a quantidade de vírus, que fica virtualmente em zero após seis meses de tratamento”, observa.
O coordenador da área técnica de DST/Aids e Hepatites Virais da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), Gerson Winkler, destaca que o tratamento é uma forma de prevenção: quanto antes começa, mais rápido é cortada a cadeia de transmissão.
A pesquisa pode auxiliar a descobrir por que Porto Alegre possui o maior índice (7,4) da doença. Os fatores são diversos, diz Kuchenbecker, mas é possível minimizá-los. O Ministério da Saúde ampliou o atendimento com antirretrovirais. Qualquer pessoa diagnosticada pode iniciar o uso do coquetel. O procedimento reduz a mortalidade.
Fonte: Correio do Povo, publicado em 21 de junho de 2015.