por Coletivo Feminino Plural
O Brasil é marcado pela cultura do estupro, uma ameaça permanente às mulheres e de culpabilização das vítimas. Uma manifestação perversa das desigualdades de gênero, que se cruza com o racismo e a exclusão social.
Contra a realidade que afeta a vida de milhares de meninas e mulheres todos os anos no Brasil, cerca de 550 mil segundo estimativas do IPEA (2015), a ex-ministra Eleonora Menicucci teve um papel-chave. Na gestão de Dilma Rousseff, conduziu os debates para ampliar medidas legais e tipifica como crime hediondo e obrigatoriedade de atendimento pelos hospitais.
O enfrentamento à violência sexual ganhou dimensão midiática com várias campanhas em redes sociais com a denúncia ao primeiro assédio e o repúdio as manifestações misóginas no Congresso Nacional.
Esta semana, Eleonora foi condenada a pagar R$ 10 mil porque criticou o ministro da Educação do governo golpista, Mendonça Filho, por ter recebido Alexandre Frota no seu gabinete em maio do ano passado. A ex-ministra disse, na ocasião, que Frota “não só assumiu ter estuprado uma mulher, mas também faz apologia ao estupro”. Em 2015, o ator admitiu, em entrevista no programa de Rafinha Bastos, ter estuprado uma mãe de santo, fazendo-a desmaiar com a força com a qual pegou no seu pescoço.
Nós, ativistas do movimento de mulheres e feministas, consideramos retrógrada a decisão da juíza que a condenou, e apoiamos Eleonora, que está recorrendo da decisão. É uma manifestação do machismo presente nas instituições brasileiras, presente no poder judiciário e em quem toma decisões. Vamos denunciar em todos os lugares e nas redes internacionais e buscar reparação a essa lutadora pelos direitos humanos.
Saiba mais sobre o caso: Ex-ministra Eleonora Menicucci critica condenação: ‘Ataque a todas as mulheres’