O projeto Conexões – Estratégias Integradas contra HIV/Aids e Violência de Gênero voltou à Viamão nessa sexta-feira (3) para resgatar as discussões realizadas na primeira etapa de capacitação da equipe e definir diretrizes para tornar as redes de enfrentamento à violência contra a mulher e de atenção em saúde às DSTs – HIV/Aids. A retomada reuniu mais de 40 pessoas dos diferentes serviços, como, por exemplo, militantes de movimentos de mulheres, policiais militares e civil, agentes comunitários de saúde e gestores de políticas públicas no auditório do Cesi Viamópolis.
As participantes levantaram a necessidade da criação de um protocolo de atendimento às mulheres vítimas de violência e soropositivas conectando as redes de saúde e violência. Além disso, o grupo apontou como ideias de articulação a nível municipal, a realização de uma audiência pública na Assembleia Legislativa, vigília em frente à Prefeitura Municipal em defesa do investimento em uma Casa Abrigo destinada às mulheres vítimas de violência e seus filhos e adoção da ficha de notificação de violência nos hospitais do município.
Representando a Secretaria Estadual da Saúde, Adriano Henrique Costa lembrou que desde as primeiras tentativas de estabelecimento dos grupos de risco do HIV/Aids já existia uma feminização. “Falava-se no alto número de casos entre homens gays e profissionais do sexo feminino, travestis e transsexuais, entre outros. As mulheres já estavam nos grupos de risco”, disse Adriano. Atualmente a epidemia afeta todas as mulheres, de todas as idades, profissões, etnias. Investigar a relação entre violência de gênero e o contágio é fundamental.
Márcia Falcão, ex-coordenadora de Políticas para as Mulheres de Canoas socializa agora a experiência vivida no município no fortalecimento de ações indispensáveis na atenção às mulheres. Para Márcia, “política pública de garantia de direitos só existe com orçamento. E recurso é uma questão de escolhas”. “Precisamos pensar quais as escolhas que eles estão fazendo. Ter fechado a Secretaria Nacional de Políticas para as Mulheres é fruto da pressão de um setor conservador que nos faz ter retrocessos, sim”, diz. Como forma de resistência, as gestoras têm de trazer lideranças da sociedade civil para perto da gestão pública “para realmente fazer as coisas acontecerem”.
Os agentes comunitários da Unidade de Saúde Esmeralda Elecir de Abreu (Preta), Fernanda Silva dos Santos, Cleide dos Santos de Lima, Roger Aguiar destacaram a importância de saber os fluxos de atenção às mulheres vítimas de violência e/ou soro positivas para melhor atender as usuárias. “Nós somos o primeiro contato dessas mulheres”, disse Elecir.
A representante do Fórum de Mulheres de Viamão e da Associação de Mulheres Mariá, Fátima Maria, reivindicou a criação de uma Casa Abrigo para mulheres vítimas de violência no município. “Hoje a mulher sofre violência na sexta-feira e, se não tem recurso próprio, tem de voltar para casa”, exemplificou, convidando todas a somarem ao fórum e participarem de um encontro das mulheres da Região Metropolitana em julho.
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