Todas são Todas realizam exposição fotográfica “A beleza não pode ser roubada”

O Grupo Inclusivass realizou, no dia 5 de dezembro, a inauguração da exposição “A beleza não pode ser roubada” no Memorial do Legislativo. A mostra contou com fotos de Daiane Lopez Peixoto e integrou o projeto Todas são Todas, cujo objetivo maior foi incorporar as mulheres com deficiência nas políticas de enfrentamento à violência doméstica e demais políticas para mulheres.

A iniciativa é do Grupo Inclusivass, formado por mulheres com deficiência, em parceria com o Coletivo Feminino Plural e com o apoio do Fundo Fale Sem Medo.

A beleza não pode ser roubada
Lelei Teixeira
Jornalista

“Esta é uma exposição que nasce de trajetórias diversas, lutas, trabalhos e sonhos de mulheres diferentes pela sua deficiência e pelo enfrentamento de um cotidiano cheio de limites que a sociedade potencializa ao insistir em não vê-las. Ou vê-las a partir de rótulos criados para disfarçar o estigma. As fotografias da mostra concretizam um desejo que vai na contramão do enquadramento, em busca de um olhar sensível, não contaminado, que as perceba por inteiro.

A adequação a uma vida restrita, quase invisível, como ela se mostra para quem tem uma diferença, nunca bastou para essas mulheres, que não querem ficar presas à imagem de vítimas ou heroínas, em eterna superação. Querem ser admiradas, sim, mas para compensar a sua condição. O que move pessoas assim passa por outras vias. Querem atravessar o fantasma do preconceito que intimida e exclui. Querem experimentar o que aí está do jeito possível, à flor da pele, com intensidade e paixão, apesar dos tantos limites que o dia a dia impõe. Querem revelar o feminino que os olhares ao redor, muitas vezes prolongamentos dos seus próprios olhares, insistem em não ver.

“Que olhar é esse que de dentro de mim me espia?
Que olhar é esse que me afasta de mim?”
E são tantos os olhares a inquietar, desafiar, sufocar, amedrontar, sem ver.

Desvendar esse cotidiano invasivo que as faz estranhas é não deixar que essa invisibilidade esconda as mulheres que são. Tão diversas e, ao mesmo tempo, tão iguais a todas as outras na sua subjetividade. Maduras, profissionais, recolhidas, inseguras, curiosas, inquietas, destemidas, tímidas, livres, apaixonadas, mães, amantes.

Em nome da diversidade desejada, Carol, Cris, Denise, Ewelin, Fernanda, Josiane, Lelei, Liza, Luciana, Regina e Vitória abrem asas para um caminho libertário que as tire da imposição das normas e das leis e dê a elas a visibilidade negada. Provavelmente não sabem muito bem como vai se desenhar essa jornada, mas sabem que é latente e que pulsa forte na vida de toda mulher que busca inclusão, acessibilidade, respeito e independência.

No simbolismo das fotos, elas se autorizam efetivamente a sair dos guetos e dos discursos prontos para serem vistas com a sua deficiência e para que não roubem a sua beleza”.

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